Olho à volta e encontro um amontoado de (i)móveis.
Pedaços de uma decoração que já nada me diz. Na qual me vejo, mas não me revejo.
"Objectos" que foram entrando até a casa ficar cheia. E parecia bonita assim! Porque é tão fácil habituarmo-nos...
Hoje tentei procurar-te no meio dessa confusão. Remexi em tudo, arredei, movi, espreitei os sítios de sempre e os mais improváveis... Não estavas!
Por momentos achei que não te ia encontrar. Como se aquela multidão de coisas te tivesse engolido, aniquilado...
Assustei-me... entrei em pânico. Não te procurava há muito.. é certo! Mas habituei-me à certeza de estares sempre ali, no teu lugar. Sentia a tua presença e, para mim, isso bastava.
Não partiste... Achei-te de novo.
Estavas escondido, separado de todas aquelas peças decorativas, bujigangas, artigos para tudo e para nada.
Aguardáste serenamente o momento... o teu momento. Sabias que te havia de procurar. Porque foi sempre assim. E eu fiquei feliz por te achar!
Hoje entendo...
A casa está demasiado cheia. Precisamos de espaço. Tu precisas de um lugar mais teu. Só teu!
Vou abrir todas as janelas. Deixar entrar o ar fresco. Esvaziar desse cenário que até parece belo... Esse cenário que afinal confunde e anula o essencial.
Sim! Esta casa tua e minha vai ser arrumada ...com a minúcia das decorações minimalistas...
com a certeza de não voltar a ter de procurar-te cá dentro.
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