30 setembro 2008

E se...

E se uma tempestade caísse sobre nós... desabasse, sem aviso, nem misericórdia...
E se a chuva de repente decidisse varrer-nos, limpar-nos por dentro e por fora... como se quisesse purificar-nos, santificar os nossos corpos, as nossas almas...

E se essa água vinda dos céus roubasse de nós os cheiros, os sentimentos, as memórias e palavras que não devíamos ter dito...
Se levasse com ela essa loucura vivida e sentida... e nos fizesse esquecer... para recomeçar longe desse mundo surreal que só nós criámos em breves momentos de egoísmo...

Se a chuva limpasse de uma vez toda a história... se a levasse na enxurrada... de uma vez, de uma só vez...

Será que iriamos permitir?

24 setembro 2008

abandonada, moribunda, esquecida?


Uma aventura,um suplício, sacríficio, castigo. Assim é andar pela cidade CAPITAL de CABO VERDE.

O lixo amontoa-se por todos os lugares, nos bairros, nas ribeiras, nas estradas e ruas... nas zonas nobres... tão nobres quanto sujas!

No ar reina o cheiro intenso a monóxido de carbono, duma frota automóvel que se modifica a duas velocidades: a do aumento dos Prados e Tuaregs, e a do envelhecimento dessas latas de quatro rodas, verdadeiras bombas poluentes... emissoras de uma astronómica quantidade de gases tóxicos!

Na estrada condutores desvairados, enlouquecidos, contornam todas as regras, normas e éticas da condução para chegarem primeiro... Um verdadeiro perigo, uma aventura daquelas de nos deixar o coração nas mãos a cada esquina, a cada rotunda, a cada cruzamento!

Conduzir na capital é como participar numa gincana, num rally paper ou outro desafio que obriga a desviar dos muitos obstáculos e BURACOS. Buracos todos os lados, que a chuva tratou de piorar.
E agora, não há quem se decida a pôr mãos à obra para, pelo menos, concertar aquelas "crateras" capazes de engolir um veículo de uma só vez!
(Talvez porque esses decisores prefiram ficar nas suas "bolhas" climatizadas, sem buracos, nem obstáculos...)

A isto junta-se um calor insuportável, que talvez o fosse menos se pela cidade houvessem espaços de passeio, parques, áreas verdes... mas isto, isto já é utopia... já é viagem para outras realidades.

Em tempo de debates sobre a criminalidade na cidade, penso que outros crimes, dissimulados estão a vitimar a Praia de Santa Maria- o crime do abandono, do esquecimento... o crime do desleixe.

Talvez seja só a minha sensação... ou não?

23 setembro 2008

Inspirações, ou realidades post scriptum?

E ele agarrou-lhe a mão, e ela agarrou-lhe as mãos,
e ficaram assim de mãos agarradas, primeiro a olharem para as mãos,
depois levantando lentamente os olhos, que por fim se encontraram,
perdendo-se uns nos outros,
sem já saber quem via ou era visto,
os olhos, ao mesmo tempo a verem e serem vistos,
nus, sem qualquer pudor, como se tudo fosse possível uma vez mais,
uma última vez,
sem esquecer que o que lhes estava a acontecer é impossível,
quanto mais de esquecer.

In Muito, Meu Amor- Pedro Paixão


Essas mãos poderosas que assentaram sobre os meus dedos trémulos, inquietos, numa noite luminosa...
O teu rosto e o meu siderados, fixos...em pausa... face to face... e um beijo, o primeiro de muitos beijos impossiveis... impossiveis de sentir, de falar... impossiveis de esquecer.

E lembrei-me de Muito, Meu Amor. Como se este nosso momento fosse um dejá vu há muito antecipado por Pedro Paixão...
desta vez vivido em vez de lido.

Também a nossa história daria um livro de amor...
Amor a nós mesmos... amor a essa necessidade egoísta de viver aquele espacinho de tempo que só pode existir numa outra vida, num outro contexto, longe do real e do lógico.
Amor a essa sensação de prueba superada, desafio alcançado, em jeito de quem vai ganhar a taça no final.

Amor a uma paixão desenfreada que nasce e morre dentro de nós... tão rápida e fugaz, quanto intensa, quente, apaixonante...
Uma verdadeira ode à nossa loucura.

Muito, muito, meu amor...

19 setembro 2008

Suores

As gotas de água salgada escorriam pelo teu rosto. Começando na testa e descendo, lentamente, como que a beijar cada curva, cada saliência dessa face bonita, tranquila...

Dos teus olhos explodiam brilhos de desejo. Como eu nunca tinha visto.
Mais do que todas as outras vezes... Muito mais!

Tinhas o cabelo molhado. Diria que chegavas de uma longa caminhada à chuva.
Mas não, estiveste sempre ali do meu lado.
Eu, tu e uma lua magnifica que iluminava os nossos corpos.

Todos os teus poros transpiravam suor, paixão, loucura e fundiam-se com os meus que clamavam incessantemente por ti.

Fomos um só, de novo.
Experimentámos, sem tabus, o desejo intenso que guardamos dentro de nós...como um segredo irrevelável, proibido, que se mostra sempre que os destino nos confronta.

Nem sei quanto tempo assim estivemos, juntos, à luz da Lua... Mas lembro-me de sentir a tua pele macia... lembro-me de ouvi-la respirar... transpirar. Lembro-me do cheiro intenso- do nosso cheiro.
Do teu odor que levei comigo, assim como de mim levaste os aromas, os sons, os olhares.

Memórias de um momento de fusão... um momento de corpos suados, molhados...
que se despediram de novo
...talvez, até à próxima Lua Cheia.

16 setembro 2008

"olá nina quero tratar de ti"




Fotos: Pedro Moita

Five stars.
Santa Maria foi um festival para todos os gostos. E nem a diva faltou...

Boa disposição geral, sem desacatos! Reggae, hip hop, mornas, coladeiras, zouk... Muitos estilos, muitas gentes de todos os lugares.

Muitas palavras, muitas conversas... Olhares cruzados, discretos... de soslaio.
Outros atrevidos, descomplexados.
Encontros e desencontros. Supresas boas e más... Momentos inesperados... surreais...surpreendentes. Imagens que dispensaram palavras...

E tudo terminava ali... num palco cheio de música, som, alegria e dança. Num palco que só se calava quando o sol já ia muito alto.

11 setembro 2008

D day


Nunca me deixes
preciso de ti
o amor é uma locura
e tu precisas de mim
em qualquer altura
em qualquer lugar
sinto a tua presença
até no meu olhar.

Duía- Da Weasel


A Doninha está a chegar! Finalmente os Da Weasel sobem aos palcos criolos. E já não era sem tempo.
Pacman; Virgul e o resto da tripulação vão levar até Santa Maria o beat de um hip hop de luxo que há muito se esperava por estas bandas.

Os Da Weasel dispensam apresentações- 15 anos de um projecto arrojado, que em 1993 parecia apenas uma loucura de um "bando de putos" de Almada.
Mas os "putos" vingaram.
Ganhou a música e a teimosia de cantarem hip hop em português.

Hoje são referência na Europa; galardoados com o prémio "best portuguese act 2005" pela MTV; entre muitas outras distinções.

Será, sem dúvida, um momento para recordar do Festival Santa Maria deste ano.
Encontro marcado: Djad Sal; 12 de Setembro!

10 setembro 2008

Santa Maria...soon

Out on the corner With my roller skates
Having fun with the girls
Says i'm feeling great
In the dark of the night
Street lamps glowing
On full blast is my radio

Up comes this guy in his flashy car
In his mouth stuck a big cigar
Needed my help
Said he lost his way
(...)


"Roller Skates"- Steel Pulse



Good moods and roots. Roller skaters, "cigarette" boys; blondie guys; black sheeps. Everything and everybody... at Sal Island...

I'll be there... Will be there!

Ainda as Máscaras

Um projecto artistico e cénico arrojado. Uma equipa de luxo, eclética e cheia de grandes nomes da cultura de Cabo Verde! Uma surpresa arriscada.

A julgar pelas opiniões "Máscaras" foi um sucesso que marcou o Mindelact deste ano!
Não tive o privilégio de assistir a este momento teatral.
Aguardo que as "Máscaras" venham até à Praia um dia destes... Já me constou que é capaz de ser possível...

Fico à espera.

09 setembro 2008

Parabéns a nós

A caminhada nem sempre é fácil... às vezes a fraqueza apodera-se de nós... às vezes pensamos em desistir...
Mas juntos encontramos a força e o ânimo que nos faz continuar.

Talvez nunca saibamos qual é o destino... talvez só no final... talvez na eternidade.
É essa a magia da nossa viagem, é esse o fascínio do caminho... inesperado, surpreendente... sinuoso, às vezes; noutras, mais fácil de percorrer.
Que continuemos assim... passando por primaveras e invernos; por tempestades e bonanças... resistindo aos temporais, sorrindo aos dias solharengos.
A nossa meta é apenas esta viagem...
o meu desejo: que a façamos sempre lado a lado, seja qual fôr o caminho que o destino nos vá reservar.
Parabéns!

05 setembro 2008

E por falar em metamorfoses...



Fotos: Pedro Moita

Sobe o pano no Mindelo.
Actores de todo o mundo marcam presença no grande festival de teatro de África.
Representam-se personagens...comédias, dramas... estórias, muitas estórias... contos de todos os lugares e épocas.

O teatro será rei entre 4 e14 de Setembro.
As artes de Moliére estarão em destaque unidas a muitas outras manifestações artísticas, cénicas, musicais... tertúlias, acções de formação e debates.

Hoje é tempo de homenagens, tempo de aplaudir os "actores da dança nacional".
Mindelact vai destacar o trabalho do grupo Raiz di Pólon.
E bem merecem! Merecem pela qualidade, pela ousadia de transformar a dança contemporânea num símbolo da identidade culural de Cabo-Verde.
Merecem pelas "metamorfoses" em palco... pelos rostos, movimentos, gestos e expressões que assumem em cada actuação. Por transformarem a vida em performances plenas de simbologias, mensagens, sentimentos.

Parabéns Raiz di Pólon que nunca falte o fôlego para continuar a caminhada!

programa oficial em www.mindelact.com

04 setembro 2008

Metamorfose...

"Prefiro ser essa metamorfose ambulante...
do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo."
(Raul Seixas)

Sim essa metamorfose que hoje ri, amanhã chora. Que ama e odeia com o mesmo ardor.
Essa metamorfose de te atrai e repele... que te confunde, baralha, surpreende.

Hoje sou rosa, amanhã azul! Sou montanha e planície. Deserto e oásis. Chuva e sol de Agosto!
Sou tempestade e bonança. Sou clássico e contemporâneo.
Sou eu e tu... e tu e eu... num só.
Sou mil e uma personagens... rostos e corpos que mudam com o mundo e se mantém unos, idênticos a mim!

Assim sou, assim me amas... assim me odeias...

Verde... muito verde


Cabo Verde está verde!

É tempo de celebrar os campos com pasto abundante, a água que jorra das cachoeiras, as plantas que nascem nos terrenos habitualmente áridos.
O interior de Santiago convida aos cliques fotográficos, às viagens e aos momentos de contemplação, para ver esse verde...tom de esperança... sinal de bom ano agrícola.

Nas cidades o cenário é outro. O mesmo de sempre... de sempre que chove! Aprender com os erros parece ser um desafio demasiado complicado!
Repete-se a lama, os buracos...crateras... nas estradas e ruas. Casas destruídas, edifícios varridos pela chuva. Lugares intransitáveis...
Um mar castanho para onde correm as águas sujas e as lamas!

Mas há-de parar de chover... Ficará o verde no interior e os destroços nas zonas urbanas a testemunhar a época das chuvas. Pouco importa!
Importa apenas que choveu e a barragem já está cheia, ainda que a água lá esteja a evaporar ou esperando pela auto-bomba de algum agricultor mais endinheirado!

A azágua será esquecida com a chegada do tempo quente. Os campos hão-de secar.
Há-de apelar-se de novo à chuva no próximo ano... esquecendo que com ela vão chegar de novo as inundações, as gentes desalojadas, a lama e a destruição... porque um ano é muito tempo para esquecer (e resolver!) esse lado "mau" que a chuva pode trazer!

02 setembro 2008

Nostalgias



Assim foi de novo o regresso a essa raiz que me prende e tantas vezes me puxa a si. Os cheiros com que cresci, as cores, as paisagens e os sons que, inconsciente, reconheço como meus.

A lágrima volta a cair, não pelo regresso... mas pela partida. Pelo adeus sentido de quem se ama... Por essa forma cruel de voltar costas e relembrar o que ficou atrás.

Nova jornada, nova etapa por este caminho longínquo, distante...

Fica a memória, pintada a todas as cores, de um mês entre o calor da familia e desses amigos de sempre e para sempre.
Fica o registo dos lugares que conheço desde que me conheço. Das mudanças neles e em mim. Ficam as imagens que me transportam sempre que quiser... e uma leve nostalgia que ora me inunda os olhos de lágrimas envergonhadas, ora me faz sorrir... feliz... abençoada por mais um regresso muito especial.

 
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