30 novembro 2009

Um verdadeiro espectáculo de Circo!

Três longas horas... a maior parte de conversa... a maior parte de conversa supérflua. Não que um artista não deva falar, comunicar com o público, estabelecer uma relação próxima entre ele e a assistência. Mas o que Paulino fez foi demais... Talvez se não lhe chamassem espectáculo musical... talvez outro nome... Qualquer coisa como "Encontro com Paulino" ou " Os sermões de Paulino"... Talvez aí coubesse tanta conversa...

Em palco um verdadeiro circo. Paulino Vieira, em pleno acto de diversão pessoal, perante uma audiência extasiada que deixou à porta o sentido crítico e a razão de ter ido até ali...
Uma audiência tão extasiada que nem deu pela falta da sua "brilhante" viola de doze cordas ... tão extasiada a ponto de perdoar a canções inacabadas, as trocas e baldrocas nas letras, no repertório... um piano de cauda que pouco ou nada se fez ouvir... uma "partenaire" em palco, ou melhor "em cena" , improvisando coreografias desajeitadas... como se fosse o elemento que não fazia parte da peça.. ou talvez fizesse!
E o génio... em malabarismos com dois cabos de esfregona!

Atrás de si... os homens... os músicos... a Orquestra... os heróis de uma longa noite de 3 horas! Mestres dos instrumentos, solistas perfeitos... gente que acompanhou os "espasmos de alma" de Paulino sem nunca vacilar.

Gostei de alguns momentos do espectáculo... apesar de tudo Paulino Vieira não perde a genialidade... gostei do estilo renovado de algumas composições... Mas saí com a sensação de ter sido levada para um "circo", uma festa em jeito de comédia... uma divina comédia!

Rebelde... anti-sistema... alternativo? Sim, pode até ser, mas não servirá de desculpa.
Queria mais! Queria o Paulino Vieira músico... queria espontaneidade, improvisos, inspirações momentâneas... mas com algum sentido... queria que do palco tivesse saído mais som... mais acordes tocados pelas mãos do mestre.

17 comentários:

gicas disse...

Bem, já que te antecipaste a mim, aqui vai a minha solidariedade para com o teu sentimento e revolta sobre o show. Meus ricos 1500 escudos. Com 15 euros teria ido ver os The Congos!!!

1- é lamentavel ver o Ministério da Cultura apoiar um artista - que mesmo sendo um mestre e tendo do o seu mérito como é o caso do Paulino Vieira que é brilhante - vem para a televisão dizer que não quer o seu nome associado à promoção da música de Cabo Verde!
Não se pode dissociar dela. Nasceu nela, vive nela, compõe-na e produz, renova-a, trabalha-a como ninguém até, mas não pode fugir dela!

Ao tocá-la, ao levá-la para os seus espectáculos, está a promovê-la e nesse campo, acho que o Ministério da Cultura falhou.

2- Depois, realmente de concerto ou espectáculo teve muito pouco, ou mesmo quase nada.

Como bem disseste musicas e letras inacabadas, brincadeiras e sermões, lições de moral e filosofias.

O público riu e riu quase durante todo o show, com as pessoas a intervirem até de forma inconveniente. Parecia mesmo um circo.

3- Faltou alma ao espectáculo, faltou a verdadeira musicalidade de Paulino, faltaram as 12 cordão de um violão que toda a gente queria ouvir!!!

4- E quem era afinal aquela "peça" em palco, de um lado para o outro, em cena, como uma espécie de sombra deslocada, que mais parecia uma partner de um show de circo?

5- Onde está o profissionalismo, o rigor, o espectáculo que as pessoas pagaram 1500 escudos para ver?

6 - Usou-se o nome do Paulino e a sua ausência da Praia para encher o auditório, uma estratégia de puro marketing para esgotar a bilheteira e depois prestam ao público um péssimo serviço cultural, com aquele circo, montado ou espontâneo.

7 - Valeram os músicos de luxo que o acompanharam. Esses sim, valeram os meus 1500 escudos.

Anônimo disse...

Obrigado! Pensava que remava contra a maré, que estava doido. Que desperdicio de talentos, que desilusão. Subscrevo as suas e as palavras da "gicas". Gato Esteves

Paulo disse...

Já assisti a grandes concertos e a outros que nem por isso… mas com este não sabia que era possível!!!!

Prefiro ouvir uma voz de grogue envergonhada por 2 guitarras desafinadas e um cavaquinho estalado, a assistir ao Paulino Vieira acompanhado, nos intervalos da sua actuação, pela nata profissional dos músicos Caboverdeanos.

Não percebi o que se passou naquela sala (pelo menos até ao primeiro intervalo, altura em que saí). O PV falava e o público aplaudia e/ou gargalhava... E o concerto que custou 1.500$00? Onde ficou a tal arte de exprimir emoções através de sons??? Em segundo plano?? Porque??? Os músicos até estavam lá!


Frustração maior foi ver outro grande compositor, o Betu, a aplaudir em pé!

Kriol Relax disse...

Mais algum tempo por aqui vão entender muitas coisas que pelos vistos ainda não entendem.

Tchale Figueira disse...

Eu não estive neste concerto mas creio que Paulino há muito que que vem fazendo estas coisas de mau gosto. Sem tirar mérito ao Homem creio que não temos nada a ver com as suas frustrações de uma carreira que não foi a da Cesária.

Um homem amargo envelhece como um boi e, sem sabedoria, limita-se a ruminar palha indigesta. Mesmo assim, já fez musica que ficará para sempre no Olimpio da musica de Caboverde.

Kuskas disse...

Cada um tem a sua opinião. Eu já cheguei a abandonar uma sala no meio de um espetaculo do Tcheca que meio mundo acho O MAXIMO e nem por isso reclamei da forma como as pessoas andam a reclamar os 1500 escudos que custou o bilhete.
Cabo-verdiano gosta de pensar que só pq uma coisa é cara tem de ser necessariamente boa.

Eu achei o show um exagero em certas coisas, mas não no que diz respeito a exprimir as emoções por meio dos sons, das letras.
O cabo-verdiano precisa aprender a "escutar" as letras dos grandes compositores desta terra, como o Betu, Manel de Novas, Luis Morais, Jorge Humberto e sim Paulino Vieira.

Se soubessem escutar as letras que vem acompanhadas dos acordes, entenderiam essa forma de ser extravagente para alguns e maluco para outros do Paulino Vieira.

Cresci ouvindo as ladainhas e os lamentos tradicionais desse nosso cabo-verde cantandas as vezes e assobiadas outras pela minha mãe, que ela aprendeu ouvindo o pai desse mestre e ouvindo o proprio mestre.

Aprendamos a respeitar as opiniões diferentes e sobretudo as formas de ser diferentes dos nossos, porque se fossemos todos iguais já imaginaram a seca que seria o mundo?!

Abraços

Paulo disse...

Acho que ninguém coloca em causa o compositor Paulino Vieira, mas sim o triste espectaculo que proporcionou.

O Tcheca... não tive oportunidade de apreciar. Recordo-me que quando aparecia no extinto "Da Place" (acho que era assim que se chamava)tava sempre na hora de me ir embora!!!

Quando se escutam letras acompanhadas de acordes, não estamos a ouvir música. (talvez uma declamação). A música é muito mais do que isso.

Já agora, e a talho de foice, a formula que determina se o preço é alto ou baixo é a relação custo/proveito.(Eu que não paguei para assistir ao pseudo concerto paguei caro!).

P.S. - Para melhor compreensão aconselho o comentário do Sr. Tchale Figueira

Anônimo disse...

A única coisa que tenho a dizer a essa Sr.ª do post e aos muitos comentários(até Tchalé Figueira!) que insulturam Paulino é isto: Podemos até ser cegos e portanto você como aqui é rainha (como qualquer idiota que vem das europas com um olho) tem direito a dizer o que bem enteder. Mas favor há limites. Achar-se superior aos indigenas e até no direito de vir dar lição aos indigenas como é que devem escutar os seus próprios músicos acho que é o cúmulo de atrevimento . "Ah e tal vocês devem escutar o Paulino é quando ele toca violão de 12 cordas ... "! Somos mesmo é uma terrinha de caca onde qualquer um vai chegando e já vai mostrando como é que se deve cozinhar cachupa, como é que se deve ouvir os nossos artistas, como é que se deve ler Eugénio Tavares. Ou melhor isso parece cada vez mais com um Abergue espanhol onde existe só o que cada um traz.

Anônimo disse...

E mais ainda: Chamar um espectáculo onde esteve Paulino Vieira, Bau, Voginha todos juntos num mesmo palco de Circo é mesmo de uma petulância sem limites. De facto ao ler o seu post digo para mim mesmo: somos mesmo o cúmulo de ridículo enquanto povo. Aparece uma margarida qualquer a insultar o que (achamos) que temos de melhor e o que vemos por ai: Patetas alegres a aplaudir, outros tantos a fingir um silêncio que não é nada com eles. De facto só o cheiro da morte trazida pelo dengue é que nos faz mexer. De resto somos mesmos uns bananas!

Carlos Ferreira disse...

Tchalé,

Porquê que não envelheceste com toda a a amargura que andaste a espalhar nestes últimos?

Dá uma vista de olhos nas coisas que andaste a escrever na blogosfera só durante este último ano e vê do que estou a falar.

Opinar sobre o que não assistiu.
Ah criol!!

Cada vez desiludes mais, homem!

À dona do blog, natural os espetáculos do Paulino serem fora do convencional. É que ele o é!
De certeza que da próxima você irá gostar mais.

Anônimo disse...

Este último comentário é para Tchalé Figueira. Sr. Tchale eu lhe tinha em melhor conta. O que disseram as margaridas, as catarinas e coelhos e não sei quem mais é fruto de muita ignorância misturando com atrevimento. O que eles dizem pouco significado tem. Pois se hoje estão aqui amanhã podem estar na China. Estão em Cabo Verde desde de ontem e amanhã estarão na Costa de Cochincinha a vomitar os mesmos disparates sobre a cultura local. Agora Tcale Figueira vir dizer aquelas barbaridades sobre um homem como Paulino Vieira ???? Essa é demais. Eu e que pensava ter ouvido tudo ... Essa frase "Um homem amargo envelhece como um boi e, sem sabedoria, limita-se a ruminar palha indigesta" diz tudo

Margarida disse...

Caro Nkrumah. Quero apenas dizer que publiquei os seus comentários, não por uma questão democrática (neste blog reina apenas e só a democracia da minha vontade!)mas simplesmente para o ridicularizar em público. A forma como entra por este espaço adentro insultando e fazendo comentários xenófobos só espelha um ser mesquinho, miserável e atormentado por traumas e passados difíceis de ultrapassar. Tente a terapia! Só lamento que ainda existam pessoas que usem os mais baixos argumentos para fazer valer uma posição. É triste, pouco digno de um ser humano... mais ainda de um ser humano que se diz admirador de Paulino Vieira. Os seus argumentos escondidos atrás de velhos preconceitos apenas desviam do tema essencial. O Sr. nada sabe de cultura, nem de arte, nem de criticas... o senhor tem apenas vontade de insultar gratuitamente, mas do espectáculo nem uma palavra, nem uma razão a não ser o dogma da genialidade d Paulino, que, pelos vistos, parece desculpar tudo. Não tente voltar a publicar comentários no meu blog, porque, certamenteirei usar o meu poder sobre ele para os apagar sem sequer me dar ao trabalho de tentar ler.
A todos os outros quero destacar: Eu sou fã de Paulino Vieira, conheço-lhe o trabalho, as qualidades e o percurso artístico. Por isso me surpreendi com este espectáculo. Não estou a criticar o homem, nem a pôr em causa a sua inegável qualidade...

Anônimo disse...

Totalmente de acordo com uma parte essencial deste post. A minha opinião é antiga e digo sempre, só por que é Paulino Viera não tenho de me curvar e dizer que ele tem estado a dizer coisas correctas e justas. Até admiro as músicas e o seu talento, mas o gajo tem exagerado muito ultimamente convenhamos, chamando a Cesária de "farsa", insultando-a, pobre da Cize. Temos de começar a dizer algumas coisas que o próprio Paulino não quer ouvir.

José Araújo.

Tchale Figueira disse...

Margarida: Em crioulo de S: VIcente diz-se:MEIO TESTOM KA TEM TROCO.

É triste ver pessoas que não aceitam por puro fanatismo, xenofobia ou ignorancia criticas construtivas.

Quem tirou os méritos que o Homem tem?... mas é necessário falar daquilo que não gostamos. Como diz Niztche: As pessoas ao lerem, uns são como as abelhas otras como as aranhas, a abelha saca da flor o mel e a aranha o veneno.

Melhores cumprimentos.

diy disse...

I. Um t'adora Paulino Vieira, sê doideza, sê excentricidade, sês melodias (nem tud ês).

II. Um ta gosta qond el ta fla d'mafia cultural e comercial : el é buzot, ma el tem diret.

III. Ma sês concert na Mindelhotel, um ca entendê : ouvi gente denuncia qualquer mafia na Mindelhotel é coisa ingraçode. Logica ca tem c'amizad stronh'.

IV. Concert pa 1000 ou 1500scud, é ca mafia, é ca comercial? Cultura é ca coisa d'povo?

Anônimo disse...

Creio que não há nada de mal no post da Margarida. É claro que se pode discordar dela mas com elegancia, afinal trata-se de uma Senhora, ainda por cima, com o nome bonito de uma flor delicada e perfumada. Confesso que sou fã dela, apesar de me ter já uma vez chamado nomes feios. É a vida! Afinal nos blogs exerce democracia dá-se e leva-se coices, e todos vamos aprendendo a ser mais tolerantes e mais livres também a dizer aquilo que pensamos, e espero que ela continue assim, igual a si propria a dizer o que pensa.

Unknown disse...

QUEM ME DERA PODER CALAR. MAS EU ASSISTI O SHOW. Apenas os ignorantes podiam esperar um concerto classico. Cada um deve escolher um concerto a sua medida. E não esperar, arrogantemente, que a sua percepção cultural e os seus conceitos de formatos de espctaculos sejam realizados. Foi um grande show dum mestre que costuma chamar as suas actuações "palestras musicais". Eu tambem cansei da conversa e fiquei sedento de ouvir alguns temas que so ele e a banda de luxo podiam interpretar. Não preciso que ninguem me venha dizer da falta da guitara, do pouco tempo no piano, dos chocalhos nos pés, de tocar varios instrumentos em simultaneo. Dispenso essa pretensão ofensiva de que não estava consciente, "extasiado?". Apenas, talvez, xenofobias nenhumas, não sintas da mesma forma que eu as letras e melodias imcompleats. A que me basta uma nota ou uma estrofe para me tranposrtar para um tempo em que ainda não conhecias Cabo Verde. Nesse tempo de "conta estorias" que Paulino quis e consegiu nos levar. Houve mais show para além da musica. Algumas das suas "frases" terão eco por gerações como tem as sua musicas. Como mestre perguntou aos que lhe pede novas composições: " e já busis intendê kes bedje". Reflita Margarida pois aprecio o dom da tua escrita. PS: Tchalé: mau gosto não serão os teus quadros e as tuas transas? - Sem Nicks, PAULO CABRAL cabralpaulo@gmail.com

 
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