03 novembro 2008

Uma análise ancorada na estupidez!!!

Sr. Manuel Fernandes:
Antes de mais deixe-me dizer-lhe que poucas vezes um artigo de opinião me tinha despertado tamanho interesse, pelo seu conteúdo. É certo que também nunca tinha encontrado num mesmo artigo um conjunto tão vasto de idiotices, preconceitos, inverdades... enfim, conseguiu prender a minha leitura do princípio ao fim. E mais! voltar a ler e reler, na certeza de estar perante qualquer equívoco de linguagem.
Mas não... após muito e muito tempo debruçada sobre o seu texto, só tenho a lamentar, por ainda existirem no mundo pessoas que pensam assim.
É triste, muito triste.

Como tal, e para registo tomei a liberdade de citar e comentar alguns ex libris do seu artigo.

Antes, pretendo, no entanto, dar-lhe os parabéns pela vasta pesquisa que efectuou.
Pelo número de citações percebe-se que fez uma procura incessante para a fundamentação da sua ridícula tese.
Gostei particularmente dos 20 substantivos que encontrou para definir "práticas sexuais equivocadas"( masturbação; fetichismo; narcisismo...) e foi com alguma surpresa que acabei por perceber que também eu sou uma praticante de alguns desses "equívocos"(talvez tenha algum desvio genético, ou um trauma enraízado até aos cinco anos de idade, como sugere mais à frente).

Segundo os teólogos citados, o homossexualismo é uma manifestação da "contaminação do corpo humano", ou uma espécie de "síndrome neurótica". Sendo assim, e entendendo a Teologia como uma ciência, pergunto se tais afirmações são fundamentadas em trabalhos científicos e investigações precisas. Nesse caso, gostaria de saber pormenores, tais como: qual a bactéria que contamina o corpo a ponto dele manifestar a sua homossexualidade, ou, qual a degeneração nervosa que provoca a tal "síndrome neurótica"?

Também o Manuel fala de uma "profilaxia social para o homossexualismo". Eu defenderia uma profilaxia para pessoas e pensamentos retrógrados como o do sr., porque esses sim, são, sem dúvida, um grande entrave à evolução humana e social e um perigo para a saúde pública e mental de qualquer cidadão.

Avanço e surpreendo-me com mais duas pérolas da sua escrita: "hoje até já se convive com o casamento entre homossexuais e a adopção de filhos" e "muitos idealizam usar o parceiro APENAS para abastecer os desejos temporários". Pergunto-me eu, se o sr. conhece a realidade em que vive? a das familias monoparentais, a das crianças que nascem em nenhum seio familiar, sem referências, sem pai nem mãe presentes. A realidade da poligamia assumida, das relações sexuais fáceis, ao alcance de uma mera recompensa em troca da realização de desejos sexuais. A realidade da gravidez na adolescência, das violações e abusos sexuais?
Reconhece?
Talvez ignore porque se trata de uma realidade do mundo "heterossexual" e nesse, pelos vistos tudo é permitido, simplesmente porque não é "contra-natura".

Pois para mim é contra toda a Natureza da ética e dos valores humanos. Contra toda a Natureza do respeito pelo parceiro. Para mim são essas, as práticas ofensivas de uma sociedade que se quer desenvolvida e cosmopolita. De uma sociedade que tem como desafio do Milénio erradicar a pobreza e dar um salto substancial na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Para terminar a afirmação petulante de quem pensa ter a "cura para o homossexual". Confesso que neste momento da leitura do seu texto já não tinha qualquer dúvida sobre quem precisa de um cura profunda e irreversível.

O seu desafio é, no meu entender rídiculo, anedótico e mesquinho.
Em última análise, mesquinho por acreditar nessa prioridade idiota de criar um centro de reabilitação para homossexuais, com tantas outros projectos interessantes, evolutivos e inteligente que um "economista" deveria defender para o seu país.

Para finalizar permita-me usar a sua última frase com as devidas adaptações:
"Finalmente devemos olhar esta mentalidade preconceituosa, primitiva e idiota como uma doença típica de pessoas "despudoradas", traumatizadas e com desvios comportamentais graves, perigosos até. Devemos encarar o problema com simpatia e humor, buscando contudo a sua erradicação."

À Semana: lamento a publicação de tamanha aberração. Opinar num jornal não significa escrever tudo o que vai na alma do "escritor" incluindo as suas perturbações e frustrações. Opinar num jornal também siginfica não violar os valores éticos e a deontologia desse meio de comunicação tão abrangente.

Em jeito de conclusão
Eu e os meus colegas do Nha Terra Nha Cretcheu estamos a preparar uma edição alusiva ao dia Internacional da Tolerância e só lamentamos não ter descoberto este sr, uns dias mais cedo. decerto daria uma grande entrevista sobre o tema.

Texto alusivo ao artigo de opinião escrito por Manuel Fernandes e publicado no Jornal a Semana de 31 de Outubro de 2008.

3 comentários:

Redy Wilson Lima disse...

Estou curioso para ver a resposta que A Semana vai dar na sua próxima edição, visto ter sido tanto criticado pelos denominados blogrocratas.

Pedro Moita disse...

Este, é sem dúvida, uma pérola da imprensa caboverdiana, no que toca a artigos de opinião.

Venha quem vier dos destacados e habituais colunistas, ou mesmo aqueles de ocasião, falar sobre qualquer assunto, que esta maravilha da opinião democrática os bate aos pontos.

O jornal "A Semana" conseguiu reunir um sem numero de manifestações de espanto dos seus leitores assiduos, que habitualmente procuram algo mais do que isto: informação isenta, opinião fundamentada, etc, etc,

Pergunto: teve o jornal a minima aprovação sobre este texto do ponto de vista ético e deontológico, ou apenas e só basta apelidar-se colunista e assim ter página aberta para escrever o que lhe der na real gana?

Catarina disse...

ADOREI!

 
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