22 julho 2008

Menina da Moda IX

Acordou atordoada, como se tivesse passado a noite em flutuações... como se descesse de um momento de gravidade zero... um momento quase espacial.
Lavou o rosto com água fria, chamando-se à terra e ao dia que agora estava a começar.
Olhou-se no espelho, sentiu-se mais bonita, sensual.

Tinha chegado de uma noite longa e envolvente em Paris. Uma dessas noites de muitas horas... de nenhumas horas... dessas horas que os relógios não contam. Horas de minutos preguiçosos...

Encontraram-se no coração da cidade das luzes. Trocadéro, bairro dos museus, dos edificios monumentais, lugar da famosa torre... Clichê, talvez sim... mas daqueles clichês que preenchem a alma.
Respira-se arte, só de ver as fachadas de todos aqueles lugares sagrados; sente-se o Sena ali ao lado que corre ao sabor da vida de Paris... E a Torre Eiffell... símbolo dos amores intensos. Imagem de todas as grandes paixões.
Eles juntos, iluminados pelas luzes que pintam Paris de tons laranja, durante a noite.
Juntos e sozinhos nos jardins do Trocadéro.

Contemplaram-se naquele cenário... tocaram-se levemente, como se fossem peças de arte fugidas de um dos museus que circundam o bairro.
Uniram os lábios num daqueles beijos de época... cena de um filme de amor em Paris

E depois, saltaram séculos, saltaram primaveras e invernos para ali mesmo se possuirem, sem tabus, nem barreiras... sem nenhum pensamento que pudesse contrariar aquele momento mágico.

Uniram corpo e mente frente às duas estátuas que habitam o jardim.
Homem e Mulher, guardiões de Trocadéro, testemunhas de uma paixão.

E eles talvez não fossem mais do que duas almas fugidas daqueles corpos de pedra.
Talvez fossem a extensão de um sentimento que contariou a natureza de viver estático petrificado naquele jardim, ao lado de um amor inatingivel... um amor silencioso, intocável.

Possuiram-se com loucura, entregaram-se... Sentiram-se um só em todas as formas de se ser uno.
Quebraram o silêncio dos jardins... o som das cascatas de água, das folhas que balançavam ao sabor de um vento que às vezes chegava forte.
E assim ficaram até os primeiros raios de sol romperem por entre as copas das arvores gigantescas...

Acordou e ainda sentia o calor do seu corpo, o seu respirar ofegante.
Sentia as suas mãos fortes a envolvê-la num abraço imaginário.

Acordou sozinha... numa cama gigante. Acordou de um sonho real que a deixou esgotada no amanhecer e durante todo o dia.
Uma vez mais, ele tinha invadido o seu sono.

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