18 fevereiro 2008

Na ilha di Santiago



Somada ao sábado de mercado... Peixe fresco, fruta bonita de se comer com os olhos, vestimentas di Merca, di Europa. Guloseimas, “sucrinhas”, “xínguas”...
O rumo: Tchada Galego em busca da memória de outros tempos..
Um caminho de terra que serpenteia as escarpas até lá chegar. O brilho nos olhos de quem, outrora menino, ali corria, brincava e prolongava os dias de criança.

Ao fundo a casa di Nhu Césa (homi famado na sê tempu...)
Duas crianças do presente transportam para um passado que não ficou assim tão longe. Pouco mudou ali, apenas os personagens.
Perdura a áurea di Nhu Césa na casa, nos seus descendentes, no jeito de pôr a panela no fogo à hora marcada.

Sem dúvida que ele continua naquele lugar, sentado na ombreira da porta, mergulhado na sua Biblia velhinha... brincando com os netos, que agora cresceram, ou ensaiando estratégias para ganhar o frik frak pintado no assento de pedra.

Humildade em cada rosto, sobretudo no de quem ali regressou para prestar a devida homenagem e recordar uma infância feliz.

Cuz cuz com mel e leite na despedida e a promessa de um dia voltar às memórias di Nhu Césa...

Domingo nos Picos

Parabéns à Dona Maria do Rosário e ao Sr. António Mendonça - 50 anos de união são uma odisseia digna de grandes festejos.
A familia ali reunida, 8 filhos (todos a viver na Praia), Outros três estão emigrados. Noras, genros... Vizinhos e amigos de uma casa que sempre foi generosa. Música, alegria, jogatanas de cartas e muitos netos a brincar... Perdi-lhes a conta.

O lar foi construído com amor e cinco anos de emigração. Uma casinha térrea, espaçosa, bonita por dentro e por fora, onde reina um páteo sempre fresco e uma vista até às montanhas que circundam a zona dos Picos.

Nas encosta, o Sr. António contraria as leis da gravidade e planta o milho, a mandioca, a batata... produção “di terra” servida num almoço muito “sabi”.

A festa, como diz a Dona Rosário, foi melhor que a do casamento... naquele tempo as celebrações eram mais humildes, menos fartas.

A familia junta na despedida, já a tarde ia no fim. Gratidão pelo convite de um dia tão bem passado e o desejo de mais anos de amor e união para o Sr. António Mendonça e Dona Maria do Rosário, dos Picos.

Regresso à Praia com paragem no Sr. Fernando de Pina para buscar morangos, mesmo com sabor a morango (coisa rara nestes tempos de estufa).

Passagem no Poilão para ver campos de esperança numa agricultura de regadio que começa a ser próspera.
Praia no caminho, desta vez pela estrada antiga. Os saltos e solavancos são compensados por vistas obrigatórias para terminar um fim de semana bonito, mergulhada nas memórias dos “badius di fora”.

5 comentários:

Anônimo disse...

O impensável (por estas bandas) aconteceu..
Um texto de "jeito"..
Nada de letras enfeitadas a puxar a lagrima.
Ou devaneios de quem se encontra em estado psicotico profundo...

hmmmm...

estranho...

Helena (a propria)

Margarida disse...

Amiga do coração... Amo as tuas criticas! Sabia que ias gostar desta. beijos from Praia to Guimarães.
Promessas de mais "psicoses" em breve.

Anônimo disse...

Infelizmente, é assim que vcs continuam a nos ver: pretos e humildes para todo o sempre.

gicas disse...

É lamentável que alguém que não sabe o que diz afirme que "Infelizmente, é assim que vcs continuam a nos ver: pretos e humildes para todo o sempre".

É sem dúvida alguém que desconhece o quanto estamos envolvidos, estimamos e gostamos de Cabo Verde.

Desconhece o quanto admirámos pessoas como o casal que celebrou 50 anos tal como admirámos muitas outras a quem o anónimo chama de "pretos", que temos encontrado ao longo dos nossos trabalhos.

Parece-me a mim que o anónimo tem um certo complexo de inferioridade...quando vocês próprios (presumo que seja um daqueles a quem chama preto) deixarem de se tratar (alguns, carapuça a quem servir)como coitadinhos, vão deixar de colocar sentimentos, sensações e outras demais percepções na boca, na atitude ou sentimentos dos outros.

A simplicidade e humildade dos povos não faz deles seres menores, bem pelo contrário...e isso, pelos vistos é algo que jamais compreenderá.

Margarida disse...

Lamento um comentário de alguém tão infeliz que não sabe valorizr as tradições.
Na minha terra, na aldeia da serra da Estrela, também se jogava os jogos tradicionais, também se comiam guloseimas... também se disfrutava de uma vista linda sobre as montanhas na minha infância. Os meus avós também reuniram a familia quando fizeram 50 anos de casados. Talvez por isso, hoje aqui, em Cabo Verde, dê tanta importância a esses pequenos pormenores mesmo que eles façam parte da infância de outros.
Se calhar também só assim como o caro anónimo diz- preta e humilde. Felizmente com muito orgulho, tal qual os amigos com quem passei este bonito fim de semana

 
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