14 agosto 2010

A serra a arder...

Fotos: Pedro Moita

O fogo entrou na aldeia... Veio serra abaixo com fúria e nenhumas contemplações. O vento ajudou e em poucas horas Cativelos foi o epicentro de um arco de chamas que ameaçou casas e populações.

Respirou-se fumo e muito medo... Valeu a bravura dos bombeiros, incansáveis tentando proteger o mais importante: as vidas e as casas...

Ardeu o pinhal... as lindas florestas que refrescam Cativelos... os montes e terrenos de cultivo...
Ardeu o que havia para arder...
Hoje o cenário é desolador...
O fogo devastou hectares e hectares de mato... queimou o nosso caminho secreto... e tantos outros caminhos da nossa serra...

06 agosto 2010

Uma palavra para ti...

Um sorriso sincero... inocente... envergonhado. Um olhar doce, fugindo dos teus olhos semicerrados por outras razões... e as palavras... aquelas que estavam fechadas a sete chaves... censuradas... proibidas de dizer... de pensar... de querer.

Tudo o que nunca fomos... talvez não seremos jamais. Duas almas, dois corpos duas vidas que sem querer se cruzaram uma vez e sempre.

E a nossa Lua, de novo... a Lua,confidente, conselheira... a Lua que de longe partilhamos...luz do nosso espaço... da nossa história.

Eu e tu e tantas verdades reprimidas...entre gestos, encontros e desencontros... negações...
Eu e tu, num abraço apertado de quem quer parar a vida num momento.

E ali na luz daquela Lua, o destino nos contou o segredo, a profecia desta nossa história de contradições e ironias... tão longa quanto fugaz... tão distante e tão próxima... tão intensa e ao mesmo tempo tão livre de tudo!
A profecia diz-nos que é eterna... nós gostamos de acreditar nela assim...

Boas férias...

02 agosto 2010

Meu querido mês de Agosto

A pequena aldeia veste-se de gala... Os emigrantes desfilam já pelas ruas calcetadas exibindo carros topos de gama comprados com sacríficio.
As portas das enormes vivendas de três pisos estão agora abertas... sobem-se os estores para deixar finalmente entrar luz em todas as divisões... os raios de sol rasgam as casas...
Destapam-se os móveis... as madeiras incharam... denunciam um Inverno húmido e rigoroso.

O cheiro a mofo foge de mansinho, intimidado pela aragem fresca que vem do pinhal no alto da aldeia.

O café do Sr. Pinto fica finalmente pequeno para tanta gente. Nas mesas ouve-se francês, alemão, inglês... falados com o sotaque serrano que décadas de emigração não conseguiram apagar.
E ali se reencontram familias para se saudarem com as mesmas frases de todos os anos: "que crescida", "estás uma mulherzinha", "e já tens um menino?"

Ao andar de cima sobem os adolescentes para a dança da sedução...

Nas paredes do Pinto os cartazes anunciam festas e mais festas em honra dos padroeiros. Ranchos foclóricos, procissões, tasquinhas, atracções pimba, dessas que saem do baú, sempre nesta época do ano, para alegrar a saudade e impôr os arraiais.

E a dorna... sempre fresca, com a água mais limpída em que alguma vez mergulhei... gélida ao primeiro impacto... revigorante quando nos banhamos com demora... A dorna, entre rochas de granito, amoras de todas as cores... desenhada pela passagem do Mondego que vem da nascente para ali se entregar numa pequena lagoa...

Dorna de amores de Verão... de paixões arrebatadoras... das despedidas banhadas em lágrimas de saudade antecipada...

Assim é "o meu querido mês de Agosto", no sopé da serra da Estrela. Nesse lugar mágico, onde as memórias de Verão já não cabem... Onde ano após ano chego com o mesmo entusiasmo, o mesmo desejo de ali me reencontrar.

A aldeia espera-me ansiosa... estranha à minha ausência do ano passado.
Desta vez podes preparar-te para mim... Estou a caminho e levo-te uma novidade para também se apaixonar por ti.

 
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