31 julho 2008

Um perigo para a saúde pública

Primeiro foram as bolas de Berlim, depois os gelados vendidos naquelas habituais bolsas brancas, praia acima, praia abaixo... E agora, são as massagens!!!!
Pois é, as massagens na praia são "um perigo para a saúde pública". Afirmou o capitão do porto de Faro, Reis Ágoas, porque, segundo o mesmo "todos sabemos como as massagens começam e nunca se sabe como acabam".

Ora, eu penso que as ditas massagens começam com o cliente deitado, o massagista de pé... faz-me alguma espécie que possam acabar numa outra posição... perigosa para a saúde.
E se fôr o caso, que raio tenho eu a ver com isso? Afinal "it takes two, to tango". Três já é demais, sobretudo se o terceiro fôr um capitão de porto.

Seja como fôr este novo hábito de "cariz pecaminoso" está a ser censurado e o negócio será objecto de um licenciamento mediante decisão das capitanias e de uma vigilância apertada.
Não, desta vez não foi a Asae a proibir. Mas até podia ser.

Lá se foi o Sr. Zé com aquelas fantásticas "peças" de pastelaria, acabadinhas de fazer, que me chegavam à toalha na hora certa (também elas um verdadeiro pecado à beira-mar).
Lá se foi o genuíno pregão "Olá Fresquinho", e os cornettos de morango, cor de rosa, fálicos...
E agora, lá se vão as pobres massagistas, seres libidinosos, objectos de pecado nas praias nacionais.

Ja ouvi dizer que o bikini será a próxima vitima... Mais tecido no vestuário de praia, para zelar pela saúde nacional.

E assim vai a silly season em Portugal, enquanto a Crise lá tenta passar discreta, ao largo...longe das praias do país.

24 julho 2008

Cause I feel you

Nunca te procurei, nem busquei em ti nenhum olhar, nenhum gesto.
Não esperei pelo brilho dos teus olhos, muito menos por esse sorriso, metade tímido, metade matreiro...

Dei por ti em plena invasão de mim. Fingindo coincidências, buscando planos de sedução.
Brincando com as palavras, com os olhares... com o balanço do teu corpo à procura do meu desejo.
Vi-te assim despido de ti mesmo, liberto do jeito altivo... descendo do pedestal para me encontrar.

Eu,
Ouvi as tuas palavras e gostei.
Deixei que me embalasses nesse olhar luminoso e no toque envergonhado dos teus lábios...
Deixei que as tuas mãos se demorassem na minha pele.
Deixei...

keep going cause I feel you.

22 julho 2008

Menina da Moda IX

Acordou atordoada, como se tivesse passado a noite em flutuações... como se descesse de um momento de gravidade zero... um momento quase espacial.
Lavou o rosto com água fria, chamando-se à terra e ao dia que agora estava a começar.
Olhou-se no espelho, sentiu-se mais bonita, sensual.

Tinha chegado de uma noite longa e envolvente em Paris. Uma dessas noites de muitas horas... de nenhumas horas... dessas horas que os relógios não contam. Horas de minutos preguiçosos...

Encontraram-se no coração da cidade das luzes. Trocadéro, bairro dos museus, dos edificios monumentais, lugar da famosa torre... Clichê, talvez sim... mas daqueles clichês que preenchem a alma.
Respira-se arte, só de ver as fachadas de todos aqueles lugares sagrados; sente-se o Sena ali ao lado que corre ao sabor da vida de Paris... E a Torre Eiffell... símbolo dos amores intensos. Imagem de todas as grandes paixões.
Eles juntos, iluminados pelas luzes que pintam Paris de tons laranja, durante a noite.
Juntos e sozinhos nos jardins do Trocadéro.

Contemplaram-se naquele cenário... tocaram-se levemente, como se fossem peças de arte fugidas de um dos museus que circundam o bairro.
Uniram os lábios num daqueles beijos de época... cena de um filme de amor em Paris

E depois, saltaram séculos, saltaram primaveras e invernos para ali mesmo se possuirem, sem tabus, nem barreiras... sem nenhum pensamento que pudesse contrariar aquele momento mágico.

Uniram corpo e mente frente às duas estátuas que habitam o jardim.
Homem e Mulher, guardiões de Trocadéro, testemunhas de uma paixão.

E eles talvez não fossem mais do que duas almas fugidas daqueles corpos de pedra.
Talvez fossem a extensão de um sentimento que contariou a natureza de viver estático petrificado naquele jardim, ao lado de um amor inatingivel... um amor silencioso, intocável.

Possuiram-se com loucura, entregaram-se... Sentiram-se um só em todas as formas de se ser uno.
Quebraram o silêncio dos jardins... o som das cascatas de água, das folhas que balançavam ao sabor de um vento que às vezes chegava forte.
E assim ficaram até os primeiros raios de sol romperem por entre as copas das arvores gigantescas...

Acordou e ainda sentia o calor do seu corpo, o seu respirar ofegante.
Sentia as suas mãos fortes a envolvê-la num abraço imaginário.

Acordou sozinha... numa cama gigante. Acordou de um sonho real que a deixou esgotada no amanhecer e durante todo o dia.
Uma vez mais, ele tinha invadido o seu sono.

17 julho 2008

Arte... de verdade

Toc, Toc , Toc...
A mãozinha de ferro bate três vezes na velha porta de madeira. Sempre fechada zelando pelo silêncio no interior.

Aqui fora, rabidantes em pregões cantados alto e bom som... pescadores que concertam as redes frente à baía. Velhos que se juntam, de novo, para mais um jogo de cartas, ou de oril.
Um vai e vem de carros, autocarros, motos, táxis a apitar, sempre! Por tudo e por nada.

A porta abre-se e deixa a descoberto um outro universo...
Ouve-se o sino do espanta espíritos que reaje aos ventos e uma música suave, pouco mais que isso...
O barulho ficou lá fora, talvez por vergonha de entrar num espaço quase sagrado, onde reina uma áurea especial...

Luísa Queirós recebe-nos com um sorriso de quem se importa pouco com a invasão do seu pequeno mundo.
Ao redor um caos em harmonia... Telas por todos os lados, objectos de pintura, tintas, pincéis, livros, pequenos apontamentos de um passado que recorda os tempos em que o Centro Nacional de Artesanato estava vivo, de boa saúde...

Luísa fala desse tempo, e do presente e dos projectos que tem para o futuro.
Fala sem nunca deixar de vestir a sua "noiva" de rendilhados brancos... a noiva que ficara viúva de mais um marinheiro do navio que se afundou... A noiva de vestido imaculado, uma enorme rosa magenta forte e rosto franzido de quem chora compulsivamente a perda... o drama do naufrágio.

Na secretária descansa aberto um caderno de rabiscos. "É o meu dicionário pessoal", afirma Luísa... Uma espécie de transcrição do seu imaginário, dos personagens, objectos e estórias que no momento certo saltam do caderno rabiscado para as telas. "posso reinventar estas imagens vezes sem conta... trabalhá-las até à abstração."

Demorei-me na conversa e na contemplação deste universo fantástico... demorei-me na Noiva, na sua triste história contada numa só tela de 1 por 1 mt.
Um conto "pintado"... conto de tristeza, de emoção, conto de um passado que foi verdade...

Demorei-me enquanto me embalava na cadeira de baloiço, rodeada de obras de arte perfeitas quase sagradas.
Demorei-me nas palavras de Luísa e na viagem mar adentro nesses navios naufragados de outrora...
Poderia ali ficar muito mais tempo. Mas a minha "invasão" dos universos pessoais tinha de continuar...

16 julho 2008

Menina da Moda VIII

Passaram sete meses... sete longos meses... centenas de dias... milhares de horas.
Demasiado tempo, demasiadas ocupações, demasiada gente nova que aparecia e desaparecia da sua vida... quase sempre porque a menina da moda assim o decidia.

Mas nunca, em nenhuma manhã a sua imagem deixou de lhe aparecer pela frente, contrariando o desejo de esquecer... esquecer dele e do episódio de Paris.

Falavam pouco.
Através da Internet, nalgumas mensagens, por iniciativa dela... ou em telefonemas dele, quando o silêncio já durava há demasiado tempo.
Mantinham o contacto necessário que garantia que ambos permaneciam vivos na memória um do outro.
Mas sem exageros, nem euforias... conversas vazias, vãs, circunstanciais.

Ela nunca foi assim... vivia de palavras fortes de coração aberto e sincero.
Vivia de intensidades e momentos tempestuosos...
Mas aprendeu a conter esse seu jeito intempestivo. Com ele, aprendeu a camuflar sentimentos.

Eram diferentes.
Ela vestia a moda, coloria-se de todos os tons... Caminhava como quem se balança, transmitia música a cada passo. Atraía olhares, atenções.
Celebrava a vida com euforia, alternando entre a felicidade extrema e rasgos de uma tristeza profunda que lhe perfurava o peito.

Ele usava apenas o negro... Era discreto no jeito, no olhar. Silencioso. Economizava palavras e continha sentimentos.
Misterioso, observador, de olhar forte, magnético.

Eram diferentes na vida, nos pensamentos, nos estados de espírito. Mas juntos entravam numa outra dimensão...
No Verão em que se conheceram... nalgumas vezes que se encontraram depois e agora em Paris uniam-se num espaço exclusivo.
Longe das diferenças, longe da outra vida... como se as duas almas se geminassem ainda que por um tempo limitado.

Saíam dessa dimensão para caminharem em direcções opostas, em outros mundos, com outras gentes.
Ele refugiava-se no seu jeito discreto de ser... Ela contornava as recordações e nostalgias buscando momentos intensos na sua outra dimensão. Contando os dias para um novo reencontro.
Estava para breve.
Da última vez que falaram ele disse-lhe pouco, muito pouco, mas confessou o dia do seu regresso à Praia.

11 julho 2008

Parabéns!!!


Parabéns... por seres tu... sempre tu!
Tu com esse jeito inconfundivel de ser.
Tu menina de sonhos e ideais. Verdadeira, sincera, livre. Genuína.
Tu, tão diferente de mim, nessa tua forma de "flutuar " no mundo e contemplar cada nova madrugada.

Diferentes sim... sempre diferentes nesta caminhada tão longa que já nem me lembro quando começou.
Mas cúmplices a cada passo da viagem que o destino escolheu para nós. E parece que vamos fazê-la sempre juntas!

Tu e eu... protagonistas de estórias de todas as cores... de momentos só nossos guardados religiosamente no baú de memórias que um dia há-de abrir-se para que outros entendam esta nossa existência.

Tu, a quem tenho o prazer de dizer MUITOS PARABÉNS... e Eu, feliz de estar ao teu lado neste dia especial e em todos os dias que nos fizeram chegar até hoje.

Porque "we are only happy when it rains" e só Deus sabe porquê!

07 julho 2008

Ciao e Hasta

Ver-te é sempre bom... Contemplar essas chegadas cósmicas.. tão tuas... tão encenadas na perfeição.

Gosto de me demorar no teu rosto, no sorriso, no balanço do teu corpo quando caminhas ao meu redor. E de registar cada passo dessa dança de exibição... exclusiva...
Gravar a coreografia na memória até à próxima vez que chegues para me invadir.

Sabe bem dizer-te "ciao" uma vez mais, sabendo que em breve te direi de novo adeus. Partirás por milhas longínquas, de destino traçado e hora marcada para regressar.
Olá e adeus delimitam o nosso momento.. fugaz, breve intenso. Melhor na altura da despedida porque só assim perdura sobre ti o interesse e o mistério que me faz esperar, de novo, o teu regresso.
Simples prazer de poder dizer "hasta la vista", enquanto me fitas pela última vez com esse olhar de promessa e desejo...

01 julho 2008

Menina da Moda VII

Sentia todas as contradições dentro de si. Chorava de alegria e de tristeza. Estava assolada de sentimentos ambíguos e inexplicáveis... Tanto lhe saíam gargalhadas sinceras de felicidade a roçar a loucura, como lágrimas que escorregavam cara abaixo, descontroladas, torrenciais.

Aquela semana em Paris tinha sido esgotante... emocionalmente esgotante.
Em sete dias a "menina da moda" fez tábua rasa de toda a sua vida e inaugurou uma página em branco. Nela escreveu histórias sem tabus, ilustradas de amizade, loucura, carinho... de raivas, discussões acesas, ódios passageiros... mimos de quem reinvindica atenções.
Histórias de paixão... paixão porque não tiveram coragem de dizer amor... mas sim, foi amor o que ambos sentiram naquela semana sem limites.

Agora, estava sozinha de partida para a vida real... feliz por tudo o que a esperava lá longe, mas incrivelmente vazia de pensamentos e sensações. Queria partir a qualquer momento, o mesmo momento em que desejava, apenas, ficar ali para sempre.

Despediram-se de manhã quando ela voltou ao seu quarto de hotel. Aquele que se manteve intacto durante toda a semana.
Beijaram-se intensamente... pouco ou nada disseram. Nenhuma frase conseguiria descrever os dias que passaram juntos. Ficou o silêncio e a tristeza de um "até breve".

A menina da moda partiu, bonita e segura. Ele imóvel, contemplou-lhe cada passo até à porta, que se fechou de uma só vez, sem hesitações, nem regressos...

 
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